Roubaram o computador do Galamba… da Vânia!

Consta que não terá havido pancadaria. As coisas andam mal, mas isto também não é o gabinete do Galamba. Esta gente, apesar de não ter dinheiro, é séria e civilizada. Levaram dois computadores e um telemóvel, fazendo fé no comunicado emitido pelo executivo camarário praiense, assim que deram pela falta dos esquipamentos. Ninguém sabe se o telelé era um smartphone com duas, três ou quatro lentes ou um sofisticado nokia a preto e branco. O que se pode especular – e, para mim, parece-me óbvio – é se o aparelho teria saldo que permitisse a sua utilização. Será claro como água dizer-se que não teria. Afinal de contas, não há dinheiro e, o pouco que vai havendo, é usado para pagar cursos de maquilhagem a senhoras com mais de cinquenta anos. Gente da minha idade, portanto, e que merece ser apoiada e acarinhada. Bem bom! É sinal de que os problemas da Praia não são tantos como aquilo que as pessoas dizem. Era cortar-lhes a língua, já que os recados por interpostas pessoas não surgem efeito.

A assaltante não levou dinheiro, nem papéis, nem estandartes ou medalhas comemorativas, daquelas que se oferecem em homenagens a instituições e pessoas que recebem condecorações simplesmente porque existem, sem que se saiba qual o trabalho desenvolvido para além dos mínimos exigidos. Tenham paciência, mas lá porque uma instituição foi fundada há cem, setenta e cinco, cinquenta ou mil anos, não significa que deva ser automaticamente homenageada. Muitas vezes, grande parte desse tempo estiveram de portas fechadas, sem direção, só com direção e sem atividade, ou a fazer fretes ao poder instituído, sem que inovasse, acrescentasse ou servisse convenientemente a comunidade ou, tão somente, os seus sócios. Ao homenagear tudo e todos, desvaloriza-se o que realmente merece ser valorizado, quem se excede no seu trabalho em prol dos outros, na sua criatividade, na inovação ou na defesa de valores e princípios onde, muitas vezes, lhes é exigida coragem, tantas vezes física, para o fazerem ou assumirem. Lutar por um ideal ou uma causa é muito mais importante do que pegar em dinheiro público e, simplesmente, usá-lo e distribuí-lo a seu belo prazer. Diz um grande amigo meu: “é muito fácil ser rei no nosso quintal!”

Não foi divulgado o conteúdo dos computadores desaparecidos do gabinete da presidente da câmara. Se lá estaria a lista das pessoas a serem despedidas da cooperativa praia cultural, dos figurantes do cortejo de abertura das festas ou dos pares da marcha oficial. Não se sabe se o plano de reestruturação da TAP era um dos documentos com atalho no ambiente de trabalho ou se era o da SATA ou, quem sabe, o da Praia. Talvez os projetos para tapar os buracos das estradas do concelho ou a lista dos socialistas a dispensar ou PPD’s a abater. As possibilidades são muitas, havendo necessariamente bastas razões e pontas de novelo por onde especular. Haja imaginação.

Sabe-se que a ladra terá entrado durante a noite na casa do Doutor Eugénio, onde provisoriamente está instalado o gabinete da presidenta. Tendo o ato sido consumado, conclui-se que a Lara Croft terceirense conseguiu furar o intrincado sistema de segurança da autarquia, considerado impenetrável pelos maiores especialistas no setor. Resta saber que palavras-passe seriam utilizadas para aceder ao sistema informático. Se forem do mesmo gabarito da proteção do edifício, daqui por dias haverá seguramente um PraiaLeaks que se espera bem mais minucioso, barato e consequente que o relatório da auditoria que, aparentemente, de pouco está a servir. Isto, claro, se o dito relatório ainda estiver no computador da presidente. O mais certo é já ter sido enviado para o recycle bin juntamente com a proposta de aumento do IMI e da derrama.

Que os computadores apareçam rápido, é um desejo manifesto. Quanto ao telemóvel, alguém que faça o favor de lhe carregar o saldo. A nova proprietária deve andar ansiosa para poder tirar umas selfies durante as Sanjoaninas para publicar no seu Insta. Seria uma grande ajuda para o SIS… para a PJ. Já agora, por que raio é que se parte do princípio de que quem rouba é sempre um homem?