Dois anos de PSD na Câmara.

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De todas as decisões e opções que fiz ao longo da minha atividade política, mais ativa ou menos ativa, mais pública ou menos pública, só me arrependo de uma. E não, não foi ter aceitado o convite da Vânia para ser seu mandatário. Fi-lo com gosto, embora não acreditasse na vitória. Isso era algo a que não estava habituado, nunca havia vencido uma eleição. Ainda assim, não havia razões para não aceitar o desafio. Muitos, aliás, me perguntaram, na altura, se não tinha vergonha de ser mandatário de uma lista como aquela. A resposta é óbvia: claro que não. Como poderia aceitar eu um lugar de que me envergonhasse? Ver o meu nome associado a um projeto com o qual não me identificasse? Mesmo que hoje discorde com muitas das opções que têm vindo a ser tomadas – assumidas publicamente – essa não é razão para arrependimento, limpeza de fotografias ou renegar o passado. Não é o meu estilo. Sei que seria muito mais fácil fazer de conta que nada tenho a ver com isto (nos momentos maus) ou, pela inversa, colar-me ao poder, fazer de conta que concordo com tudo, o que, diga-se, seria muito mais rentável a vários níveis.

Era urgente desafiar o poder instituído, quebrar vícios, destapar e denunciar os poços sem fundo e descobrir os alçapões. A falta de critério na admissão de pessoal, nos ajustes diretos ou na definição de prioridades de investimento. Denunciar o círculo vicioso das nomeações, do amiguismo e da inexistência de um projeto para a cidade e para o concelho. Medidas avulsas, muitas vezes mal engendradas e não explicadas baseadas numa governação em que os likes, visualizações e imagem pessoal transmitida pelas redes sociais assumiam um papel fundamental, contrastando com alguma arrogância, falta de diálogo e cinzentismo da realidade. Há muito se sabia o caminho que estava a ser trilhado. Fui oposição na Assembleia Municipal durante doze anos – todo o consulado de Roberto Monteiro – e quem não percebeu o rumo que a “coisa” estava a tomar, das duas, uma: ou andava distraído, ou, pior, aceitou sem questionar. Mas não é para falar do Roberto, do Tibério, do Tiago ou do Berto Messias que destinei hoje escrever. Hoje, quero assinalar os dois anos da vitória da coligação PSD/CDS-PP nas eleições autárquicas realizadas a 26 de setembro de 2021. Não parece, mas já passaram dois anos.

A imagem que acompanha este texto é bem reveladora do que naquela noite senti: Grande alegria e esperança. Alegria pela, para mim, inesperada vitória e esperança de que, finalmente, as coisas mudassem e a Praia ficasse melhor. Infelizmente, tem-se perdido demasiado tempo “desesperança”. Todo o discurso se condicionou à volta de dívidas, falta de dinheiro e despedimentos, perdendo-se a ligação com a realidade, o concelho, as pessoas que cá vivem, as suas necessidades e o facto de elas não serem as responsáveis por tudo o que tem acontecido. Os praienses não devem ser castigados e, se há dois anos, votaram pela mudança, foi pela mesma razão que aceitei o cargo de mandatário.

Recordo-me perfeitamente da conversa que tive com a Vânia quando aceitei o cargo. Recordo-me, também, daquilo que lhe disse quando se soube da vitória e o que deveria ser o seu caminho, a sua atitude. Sabíamos ao que vínhamos. Sabíamos que o caminho seria bastante difícil. Não me arrependi. Mas espero recuperar a esperança…

Ainda vamos a tempo! Da parte que me toca, mantenho o que disse há dois anos e o que vou dizendo nas raras ocasiões em que me posso manifestar. Com uma condição: não me peçam que deixe de pensar. Que deixe de dizer o que penso.

Votos dos maiores sucessos para os próximos anos! Repito: ainda vamos a tempo!

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